De
14 projetos, oito ficaram sem água e seis operam com restrições e
dificuldades. Pouca recarga dos açudes em 2015 agravou a situação
No quarto ano
seguido de estiagem, a falta de água para o plantio nos perímetros
irrigados atinge a maioria dos projetos públicos instalados no Ceará.
Com açudes em volumes críticos, a prioridade do que resta vai para o
abastecimento humano no Interior, encerrando ou racionando as
quantidades de água liberadas para os sistemas coletivos de irrigação.
Dos 14 perímetros irrigados, oito estão sem água, enquanto ainda há
operação nos seis restantes, segundo o Departamento Nacional de Obras
contra a Seca (Dnocs). Quem ainda recebe água dos reservatórios enfrenta
racionamento e desafios.
O órgão lista
três perímetros com funcionamento normalizado. Dois deles são o
Tabuleiro de Russas e o Jaguaribe-Apodi, que começaram a receber 25% da
água a menos neste mês. O terceiro é o Icó-Lima Campos, com água
suficientes até setembro.
A restrição
para os dois primeiros foi definida em reunião do comitê da Bacia do
Baixo Jaguaribe no dia 2 de julho. No encontro, a vazão do açude
Castanhão foi restrita a 22 m³/segundo - redução significativa em
relação ao mesmo período de 2014, com vazão de 28 m³/segundo para o
açude, compara Ubirajara Patrício, diretor de Planejamento da Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
As decisões
sobre a água que chega aos perímetros leva em conta o contexto dos vales
perenizados no Ceará, como os vales dos rios Jaguaribe e Curu. As
simulações incluem irrigações privadas, de fora dos projetos,
abastecimento da população e usos diversos da água dos reservatórios.
Nas áreas de plantio, as restrições são maiores para culturas e técnicas
que utilizam mais a água. Como exemplo, as plantações de arroz, a
criação de camarões em viveiros e as irrigações por inundação, cita
Ubirajara.
O perímetro
Icó-Lima Campos tem operações normalizadas apenas em uma das duas zonas
do projeto. Segundo Bevenides Nunes, secretário de Políticas Agrícolas
do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Icó (STTR), a
Zona 1 ainda consegue produzir frutas e arroz pela proximidade do açude
Lima Campos. Com canais precários e obra de canalização parada desde o
ano passado. A Zona 2 não recebe água bombeada há pelo menos oito anos,
afirma, deixando de levar o recurso a produtores de cinco conjuntos
habitacionais.
No perímetro do
Jaguaribe-Apodi, o faturamento bruto no ano passado foi de R$ 95
milhões. Com restrição das águas do Castanhão iniciada neste mês, a
única certeza é de que o número tende a cair em 2015. Os principais
produtos abastecem as regiões Norte e Nordeste, como capim, milho verde e
semente de soja. A cultura perene da banana também é vendida para Rio
de Janeiro e São Paulo. “Certamente não daremos conta da demanda,
principalmente por forragem animal”, antecipa Karlos Welby, gerente
executivo da Federação dos Produtores do Projeto Irrigado
Jaguaribe-Apodi (Fapija). Os efeitos são preços mais caros ao consumidor
e prejuízos para os produtores.
Fonte: O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário