Um detento que estava sendo custodiado na Casa de Privação Provisória de
Liberdade Professor Jucá Neto (CPPL III) foi morto e teve o corpo
carbonizado, no último sábado (12). De acordo com informações da
Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), Douglas Matos Ferreira, 20,
teve o corpo queimado depois que as visitas que estavam na unidade
deixaram o local.
A reportagem apurou que o detento era da Vivência A, mas no momento em
que foi assassinado ele e os outros internos estavam no corredor, porque
ainda não tinham sido recolhidos depois de receberem seus visitantes. A
Perícia Forense do Ceará (Pefoce) esteve no local do crime, mas não
revelou o que teria causado a morte do detento. O perito não se
pronunciou se ele foi morto e depois carbonizado ou se morreu porque
tocaram fogo em seu corpo.
No momento em que foi queimado, Douglas Ferreira estava enrolado em um
colchão. O método para destruir o corpo, conhecido no mundo do crime
como 'microondas', é geralmente ligado a questões de acertos de contas e
vinganças.
A queima do cadáver foi filmada por outros detentos e divulgada nas
redes sociais. Durante o vídeo, um interno diz frases que sugerem que o
crime foi motivado por vingança. "Vai matar mãe de vagabundo, safado, no
inferno. Vai colar com Polícia no inferno", afirma o detento enquanto
assiste à carbonização.
Anunciado
Em um áudio divulgado, há alguns meses, um criminoso faz menção ao
assassinato da mãe de um criminoso e diz que dois suspeitos já estariam
"decretados" e iriam ser mortos no presídio. O detento reclama das
mortes que estão acontecendo no Sistema Penitenciário cearense, mas
afirma que estes dois não seriam poupados.
O detento que se identifica como 'Irmão Alê', seria o paraense Francisco
Alexandre Pinto de Lima, o 'Cara de Peixe', conforme uma fonte de
Secretaria de Segurança Pública e defesa Social (SSPDS). Ele estaria
sendo custodiado na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor
Clodoaldo Pinto (CPPL II).
A Polícia não fez menção ao áudio. Uma equipe da Divisão de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP) esteve na CPPL III, na noite de sábado, e
disse que os motivos para a morte ainda não foram esclarecidos, mas as
investigações já tinham começado e um inquérito para apurar os fatos
seria aberto.
"Não esclarecemos o motivo só com o que foi colhido lá dentro. Pelo que
nos foi repassado havia uma rixa anteriormente e isto pode ter ligações
com o homicídio", afirmou o delegado Cleófilo Rodrigues, da DHPP, que
esteve na penitenciária.
A reportagem apurou que, como os presos não estavam em suas celas no
momento do assassinato, ainda não se sabe quantas pessoas podem ter
participado do fato criminoso.
A Sejus confirmou em nota que o corpo foi queimado por outros internos,
após a saída das visitas. A Instituição informou que o Grupo de Apoio
Penitenciário (GAP) interveio, mas o interno já foi retirado sem vida.
Conforme a Secretaria de Justiça, "uma das suspeitas é que o crime tenha
sido motivado por Douglas Ferreira estar envolvido na morte de um
familiar de outro interno daquela unidade". O detento estava na CPPL
III, depois de ser preso pelo crime de tráfico de entorpecentes.
Outros casos
Em março de 2013, um confronto entre detentos da Casa de Privação
Provisória de Liberdade Agente Luciano Andrade Lima (CPPL I), em
Itaitinga, terminou com sete presos mortos e 13 feridos por queimaduras.
A briga começou quando um interno da ´Rua´ E, do Pavilhão 1, foi
agredido por outro da ´Rua´ F.
Os detentos pegaram todos os colchões da Rua E e atearam fogo. Muitos
presos já estavam dormindo e não conseguiram escapar dos inimigos. Sete
tiveram morte imediata. Treze foram levados ao Centro de Tratamento de
Queimados (CTQ) do Instituto Doutor José Frota (IJF) com ferimentos. No
momento do confronto quatro agentes penitenciários estavam de plantão,
além de cinco PMs. DN
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