Roberto Rodrigues de Oliveira foi absolvido pelo júri de Rio Claro (SP).
Homicídio planejado aconteceu em 2011 após simulação de um assalto.
Fabio RodriguesDo G1 São Carlos e Araraquara
Geraldo Rodrigues de Oliveira (foto) era cadeirante e pediu a irmão para matá-lo (Foto: Reprodução EPTV)
“Foi uma decisão difícil. O julgamento deu certo, mas a dor continua”. É assim que Roberto Rodrigues de Oliveira diz se sentir após ser absolvido na
terça-feira (27) em Rio Claro (SP) por matar o irmão tetraplégico a
tiros em 2011. A vítima pediu para morrer em uma simulação de assalto
por estar inconformada com a situação pela qual passava e Roberto
aceitou o pedido.
Nesta quarta-feira (28), Ele conversou rapidamente com o G1 por
telefone, mas não quis dar detalhes sobre o caso. “Não quero falar mais
sobre isso, é algo que quero deixar para trás porque ainda mexe muito
com o meu emocional”, afirmou.
Roberto
disse que foi perdoado pela família, mas sofre com o que teve que
fazer. “Falar sobre isso é o mesmo que presenciar a cena, é relembrar
tudo. Quero continuar minha vida, seguir em frente, poder criar minha
filha e tentar deixar isso para trás. Infelizmente não vai ser fácil”,
declarou ele, que é casado e pai de uma menina de 5 meses.
Hoje com 26 anos, Roberto disse que é católico e que acredita no perdão de Deus. “Eu acho que ele me perdoou, sim”.
O caso
O homicídio
aconteceu em outubro de 2011 no bairro Jardim Novo 1. Geraldo Rodrigues
de Oliveira, na época com 28 anos, foi morto a tiros dentro de casa.
Durante as investigações, a polícia descobriu que ele pediu a Roberto
que planejasse um meio de matá-lo, simulando um assalto. Um sobrinho
adolescente que morava com a vítima seria a única testemunha.
Após o crime, o
sobrinho relatou em depoimento que Roberto invadiu a casa encapuzado e
atirou contra Geraldo, que foi atingido no ombro e no pescoço. Ele ainda
roubou R$ 800 para que a polícia acreditasse em assalto. Em meio às
investigações, o jovem mudou a versão e relatou que tudo tinha sido
combinado entre eles.
Roberto foi
detido três dias após o crime, mas logo foi solto e desde então
respondia em liberdade por homicídio doloso, quando há a intenção de
matar. Na terça-feira, o júri popular decidiu pela absolvição.
Sequência de tragédias
O advogado
de defesa, Edmundo Canavezzi, avaliou o caso como uma sequência de
tragédias. Geraldo era casado e tinha um filho paraplégico, situação que
ele não aceitava. Quando a criança tinha 8 anos, o pai sofreu um grave
acidente que o deixou tetraplégico, em 2009. No mesmo ano, outro irmão
dele morreu em um acidente.
“Ele não se
conformava e entendia que ele era quem deveria ter morrido, então
começou a pensar seriamente em se matar”, contou o advogado.
Geraldo
pediu para a mulher sair de casa e quando ela se foi com o filho ele
passou a ser cuidado por Roberto. A partir daí a vítima passou a exigir
que o irmão o matasse. Roberto, por sua vez, não suportava ver o irmão
naquela situação. Ele tinha problemas físicos graves, sentia dor ao
passar a sonda para poder urinar e também estava deprimido, prisioneiro
do próprio corpo.
“Geraldo,
Roberto e o sobrinho planejaram a morte. É uma situação bastante intensa
em que você tem fundamentalmente um individuo muito pressionado e
coagido pelas circunstâncias, que não tinha outra alternativa senão
cumprir como designo do irmão”, disse o advogado.
Após o
crime, a polícia pediu a prisão temporária de Roberto. Pouco tempo
depois ele foi solto para responder pelo crime em liberdade. Antes de o
início do julgamento, o advogado de defesa disse que já esperava pela
sentença favorável.
“Roberto foi
perdoado pela família e esse peso ele vai carregar pelo resto da vida.
Os jurados acolheram a minha tese de que não se poderia esperar dele
outra atitude senão àquela a qual ele adotou”, disse o defensor.
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