A Funceme ressalta que ainda teremos chuvas de forma pontual e de baixa intensidade em várias regiões do Estado
O Arrojado Lisboa, terceiro maior açude do Estado, está com 1,27% da capacidade
FOTO: ALEX PIMENTEL
Fortaleza. A
quadra chuvosa de 2015 chegou ao fim antes do tempo graças ao fenômeno
do El Niño que, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme), começou a atuar antes do esperado no Ceará.
Apesar disso, teremos ainda algumas precipitações pontuais e isoladas. O
baixo índice pluviométrico em 2015 foi prognosticado com antecedência
pela Fundação, apesar de algumas críticas que se mostraram infundadas.
O principal
sistema indutor de chuvas regulares na quadra chuvosa (fevereiro, março,
abril e maio) no Ceará, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),
começou a se afastar da região precipitando o fim do período chuvoso. "A
ZCIT costuma perdurar até o fim de maio. Isso, quando estamos no
chamado ano bom. Provavelmente, por influência do fenômeno El Niño, ela
se afastou, encurtado a estação chuvosa", explicou o meteorologista Raul
Fritz.
Oceano Atlântico
Além desse
fator preponderante, segundo Raul Fritz, "as condições do Oceano
Atlântico evoluíram negativamente em meados de abril. Os dois fatores
juntos contribuíram para a diminuição das chuvas antes do previsto. Vale
ressaltar que ainda teremos algumas precipitações que, no geral, serão
fracas, localizadas e bem pontuais".
No período que
vai do fim deste mês ao início de junho é possível que tenhamos algumas
chuvas vindas do leste do Oceano Atlântico e da costa do Rio Grande do
Norte e Paraíba. "Normalmente, chove bem nesses locais. É possível que
algumas dessas precipitações alcancem o Ceará. Mas, não serão muito
significativas para nós", acrescentou.
Raul Fritz
alertou para a necessidade de todos começaram a adotar medidas para
guardar água. "É preciso poupar de todas as formas. Creio que se deve
até pensar em racionamento. Se, nesse instante, a situação dos açudes é
preocupante, no segundo semestre deve piorar bastante com o consumo e a
evaporação", apontou Fritz.
Pode piorar
A situação, que
é das mais críticas, pode piorar mais ainda. Segundo Raul Fritz, há uma
possibilidade bem considerável nesse instante de que o El Niño prossiga
até o fim de 2015 e início de 2016. "É uma possibilidade e, como tal,
não pode ser desprezada. Não estamos vendo nenhum sistema meteorológico
importante que possa trazer chuvas nos próximos dias", explicou.
Em relação à
previsão não confirmada até aqui da Funceme para o mês de maio, de que
se aproximaria da média histórica, Fritz acredita que "nossos modelos
climáticos podem não ter captado com tanta precisão a ação do El Niño".
Nos últimos
dias, a Funceme tem recebido ligações de agricultores desesperados com a
perda da safra. "As pessoas nos procuram relatando o problema. Muita
gente já fala em se desfazer dos animais. Nem todo mundo está
conseguindo armazenar água suficiente para suportar o restante do ano",
contou.
Média histórica
Choveu em
apenas cinco municípios das 7h de sexta-feira até as 7h de ontem. A
defasagem hídrica nos 18 primeiros dias de maio é de 54.9%. A média
histórica do período é de 89 milímetros e tivemos o registro de apenas
40,6% disto. Se persistir a tendência atual, o último mês da quadra
chuvosa será tão negativo quanto janeiro, até agora o pior dos quatro.
Conforme a
Funceme, "observam-se poucas nuvens sobre o Ceará. A pouca nebulosidade
está associada à atuação de uma massa de ar seco sobre parte do setor
norte do Nordeste (NE) brasileiro, padrão observado nos últimos dias".
Para hoje, "áreas de instabilidade atmosférica devem deixar o céu com
nebulosidade variável entre a madrugada e a manhã. No decorrer do dia,
céu entre parcialmente nublado e claro em todas as regiões cearenses".
Já amanhã,
segundo a Funceme, "o Ceará deverá ficar sob a influência de áreas de
instabilidade atmosférica. Por isso, o céu ficará com nebulosidade
variável e com possibilidade de chuvas isoladas no centro-sul,
principalmente entre a madrugada e manhã. Nas demais regiões, céu
parcialmente nublado passando a claro longo do dia".
Açudes
A pouca
incidência de chuvas em maio fez com que o nível dos açudes monitorados
pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) baixasse nos
últimos dias. Atualmente, os equipamentos apresentam uma média de 19,7%
da capacidade acumulada. O mais preocupante é que, nesse instante, ainda
em plena quadra chuvosa (pelo menor na teoria), nenhum reservatório
está mais sangrando. Apenas seis açudes estão com sua capacidade acima
de 90%. O Açude Arrojado Lisboa, terceiro maior do Estado, atrás do
Castanhão e do Orós está com 1,27% da sua capacidade.
Fonte: Diário do Nordeste
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